No livro "Libertas entre Sobrados", Lorena Telles discute como, mesmo após abolição, negras permaneceram em más condições sociais.
No livro Libertas entre Sobrados, a historiadora Lorena Telles analisa a relação entre mulheres negras e a profissão de empregada doméstica entre 1880 e 1920 em SP.
“O livro fala sobre sujeitos sociais silenciados durante a história: negras subalternas que foram escravas. Procurei entender como se deu essa relação que levou essas mulheres das senzalas para o trabalho doméstico”, diz Lorena.
De acordo com a autora, sua pesquisa revela que, mesmo após o fim da escravidão, as mulheres negras continuaram a sofrer com más condições econômicas e sociais e, principalmente, com a herança escravista da profissão.
O baixo salário – em média 20 mil réis na época -, por exemplo, não permitia que negras recém libertas tivessem suporte mínimo para viver em São Paulo. “A regulamentação (CLT) da profissão de empregada doméstica só aconteceu há dois anos (2012). Ou seja, uma série de direitos foram negados a essas mulheres por muito tempo. Essa situação indica como a profissão foi influenciada por sua herança escravista”, diz.
Para a pesquisadora, a proximidade entre empregadas domésticas e o ambiente familiar também prejudicou as profissionais do lar durante a história.
“Quando pensamos que a casa, onde pessoas moram, é também lugar de trabalho, as empregadas domésticas são colocadas muito próximas aos caprichos, aos cuidados dos patrões, das crianças. Portanto, acabam trabalhando muito mais do que qualquer outra profissão, sendo as primeiras a acordar e as últimas a dormir”, analisa.
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Fonte: Opera Mundi
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