'Arte Degenerada': por que Hitler queria difamar a arte moderna

HERMANN GOERING E ADOLF HITLE NA EXPOSIÇÃO DE ARTE DEGENERADA (FOTO: REPRODUÇÃO/ THE DEGENERATE ART EXHIBITION – WHEN HITLER DECLARED WAR ON MODERN ART)
Em 1907, Adolf Hitler foi rejeitado pela primeira vez na Academia de Belas-Artes de Viena. Segundo a instituição, ele não tinha talento para ser um novo gênio da arte e por isso não foi aceito. 

Trinta anos depois, já como líder da Alemanha Nazista, Hitler ordenou a maior ação contra a arte — no caso, a modernista —, anunciando a exposição "Arte Degenerada".

FARMSTEAD, OBRA PINTADA POR ADOLF HITLER, EM 1914 (FOTO: REPRODUÇÃO)

Organizada por Adolf Ziegler, presidente da Câmara de Artes Plásticas do Terceiro Reich, a mostra foi aberta em 19 de julho de 1937, na cidade de Munique. Pinturas, esculturas, livros, gravuras e desenhos considerados "impuros", opostos e ofensivos ao regime nacionalista de Hitler foram expostos. 

O nome da exibição faz referência a um conceito que surgiu durante manifestações racistas que aconteceram no país, no fim do século 19, antes mesmo da criação do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. 

"Degenerada" vem do termo alemão oriundo da biologia, "entartet". A nomenclatura era usada para caracterizar seres da fauna ou flora que foram modificadas e não eram mais reconhecidos como parte de uma espécie. 

No contexto artístico, as obras degeneradas fugiam do do padrão do naturalismo — que representa as figuras em ambientes naturais, buscando o equilíbrio, harmonia e perfeição. Em contrapartida, a arte modernista tinha como doutrina a liberdade, e os nazistas a consideravam "coisa de judeus". 

Cerca de 650 trabalhos de 32 museus alemães compuseram a exposição. Entre os artistas estavam Picasso, Georges Braque, Lasar Segall, George Grosz, Henri Matisse, Otto Dix, Max Ernst, e outros.

A exibição era propositalmente bagunçada, com quadros pendurados de maneira torta e luzes inadequadas. Mesmo assim, "Arte Degenerada" teve um público significativo: mais de duas milhões de pessoas a visitaram em cidades da Alemanha e da Áustria até 1941, ano em que foi encerrada.

Hitler tomou várias atitudes contra manifestações artísticas que ele considerava impróprias, fechando mostras de arte moderna e realizando outras exposições difamatórias, além de perseguir e prender professores, artistas e curadores que se identificavam com formas de arte não aprovadas pelo governo.

O líder nazista também queimou diversos livros em praças públicas, fechou a Bauhaus (importante escola de arte de vanguarda) e confiscou diversas obras e esculturas, que foram destruídas, perdidas ou até leiloadas para financiar o regime. 

Fonte: Revista Galileu

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