A parte que falta, de Shel Silverstein

A parte que falta é uma das obras ilustradas e escritas pelo conhecido autor Shel Silverstein. Esse título tem como público-alvo crianças e é de leitura rápida e leve. Apesar disso, olhando mais de perto, o livro traz em si mensagens dignas de reflexão.


A história conta a busca incessante de “ele” (um círculo sem uma parte) pela parte que lhe falta. Em sua busca “ele” viaja pelo mundo, enfrenta intempéries e dificuldades, conhece animais, flores, paisagens, encontra partes que não se encaixam muito bem nele, perde partes pelo caminho, encontra uma parte que não quer fazer parte dele nem de ninguém e que se sente completa em si.

“Ele” continua sua jornada, até encontrar uma parte que se encaixa perfeitamente, mas dessa vez ele mostra que aprendeu a lição: finalmente “ele” dialoga com a parte encontrada antes de comemorar esse encontro e pensar que poderia simplesmente se conectar a ela, “ele” desenvolve um diálogo com a parte para saber se ela é parte de alguém e se ela quer fazer parte dele. “Ele” aprende que a parte que o completa pode se integrar a ele, mas nem por isso deixaria de ser ela: “Posso ser de alguém e ao mesmo tempo ser de mim mesma”. Uma lição importantíssima sobre o sentimento de posse, de pertencimento, sobre respeito e a importância da comunicação.

Essa leitura me trouxe muitas reflexões acerca da própria vida, das buscas infindáveis nas quais nos aventuramos por algo que acreditamos nos faltar, e descobrimos que a busca pode ser muito mais interessante e produtiva do que o objetivo em si. Além disso, muitas vezes ao alcançarmos o objeto da nossa busca percebemos, decepcionados, que não era como imaginávamos, e quem nem sempre algumas conquistas e encontros nos mudam para melhor ou nos fazem mais felizes.

Nem sempre as partes que acreditamos nos pertencer realmente nos fazem bem ou se encaixam em nossas vidas, algumas delas não são necessárias, nem querem fazer parte de nós, ou podem simplesmente ser partes completas em si.

Por fim, é necessário deixar cuidadosamente algumas partes pelo caminho e seguir nossa jornada, seja ela de buscas ou de partes completas, aproveitando ao máximo a viagem, vivendo as aventuras, aprendendo com as dificuldades, admirando a paisagem e fazendo amigos.

Fonte: Polen / Por Sandra de Cássia

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