Renascimento Cultural


Até os fins da Baixa Idade Média, a Igreja monopolizava a educação e a cultura na Europa Ocidental. A cultura era teocêntrica, isto é, o pensamento e as artes ocupavam-se somente com o estudo de Deus e da vida sobrenatural. Com o surgimento de novas condições de vida em sociedade, uma nova cultura começou a aparecer. Essa nova cultura tinha um caráter humanista (valorização do homem e suas obras), leigo e antropocêntrico (colocação do homem como centro do Universo).

Ë ao súrgimenro e desenvolvimento dessa cultura leiga, humanista e antropocêntrica que atribuímos o nome de Renascimento Cultural.

Alguns Problemas sobre o Termo Renascimento

O termo Renascimento é um termo vago e impreciso, admitindo várias interpretações. Isto torna dificultoso o estudo desse movimento cultural.

O Renascimento já foi considerado, por alguns historiadores, como a simples renovação da cultura antiga (greco-romana).

É claro que os renascentistas, procurando valorizar o homem, buscaram inspiração nos modelos culturais greco-romanos, marcados pelo humanismo e antropocentrismo. Essa visão do Renascimento é falsa, pois pressupõe que uma cultura pode se repetir em condições históricas diferentes. Na verdade, a inspiração dos renascentistas em ideais greco-romanos não significa uma mera imitação, pois as condições históricas imperantes na Antigüidade Clássica e na passagem da Idade Média à Idade Moderna são completamente diferentes.

Outro problema colocado pelo termo Renascimento é o de subestimação e desconhecimento da cultura medieval. O termo Renascimento pode nos dar a idéia de que todo o período medieval foi uma época de trevas e ignorância. Essa falsa idéia foi difundida pelos próprios renascentistas que, no seu afã de lutar contra tudo que fosse medieval, chamavam a Idade Média de “Idade das Trevas”.

Na verdade, a partir do século XI, já começa a aparecer na Europa Ocidental uma série de movimentos de renovação cultural, que buscam inspiração nos ideais greco-romanos.

Por outro lado, sob muitos aspectos, o Renascimento retoma certos elementos da cultura medieval.

Um outro problema a ser colocado é o da caracterização do Renascimento Cultural como o surgimento de uma cultura que corresponde aos ideais do mundo capitalista.

Isso é válido somente para Itália e Países Baixos, onde, já no século XIV, temos uma produção capitalista baseada no trabalho assalariado e na indústria manufatureira. Já para a Alemanha e outros países, essa afirmação não é válida, pois a produção ainda é fundamentalmente feudal.

As Características do Renascimento Cultural

O Renascimento Cultural ou Renascença, como já vimos, foi o surgimento de uma cultura leiga, antropocêntrica e humanista, em oposição à cultura eminente- mente religiosa e teocêntrica do mundo medieval.

Outra característica da Renascença foi o individualismo em oposição ao coletivismo da Idade Média. Cada renascentista julgava-se o elemento mais importante do mundo. Isso pode ser facilmente explicado: enquanto na Idade Média o homem só se via fazendo parte de um todo (o cristão só se entendia como parte da Igreja, o servo como elemento de um feudo, o artesão como elemento de uma corporação), na época renascentista, com o estabelecimento da sociedade competitiva, cada indivíduo procurava se sobrepor aos demais, buscando a satisfação de seus impulsos e desejos.

No Renascimento, notamos também uma forte inclinação para o Naturalismo. O homem renascentista valorizava a natureza, fundamentalmente a natureza humana.

No plano do conhecimento, as características fundamentais do Renascimento Cultural foram

O racionalismo — todo conhecimento tem que ser demonstrado pela razão humana.

O experimentalismo — o conhecimento deve ser demonstrado através de experiências.

O Renascimento Cultural foi um produto das transformações ocorridas na Europa Ocidental a partir da Baixa Idade Média. Essas transformações foram

O Renascimento Comercial, ou seja, a generalização do comércio pela Europa Ocidental.

O Renascimento Urbano, que implicou um crescimento e surgimento de novas funções para as cidades. A cultura renascentista foi uma cultura eminentemente urbana.

O surgimento e ascensão de uma camada de mercadores

Os ideais elaborados pelo Renascimento correspondiam, de um modo geral, aos interesses desse grupo. Foram os mercadores os principais elaboradores e financiadores da cultura renascentista.

A centralização do poder nas mãos dos reis

Na medida em que foram centralizando o poder em suas mãos, os reis foram submetendo a Igreja a sua autoridade. Esta submissão possibilitou a ascensão dos mercadores e o surgimento de uma cultura renascentista. O declínio da Igreja que monopolizava a cultura medieval. Com o declínio da Igreja, foram surgindo novos centros de saber na Europa Ocidental — as Universidades que se desenvolveram a partir do século XI, financiadas pelos mercadores. Retoma-se o estudo de toda a cultura clássica e especifica- mente do direito comercial romano.

O desaparecimento dos ideais de vida da Idade Média, que possibilitou o surgimento de um novo homem o humanista. Entre esses ideais, que desapareceram, podemos citar: a cavalaria que, além de arma de guerra era o código de honra da nobreza feudal, passou, com o renascimento, a ser tratada com desprezo e até mesmo a ser ridicularizada; a escolástica que buscava a conciliação da fé com a razão, passou a ser desdenhada.

O Renascimento Cultural é um produto das transformações européias no alvorecer da Idade Moderna.

Ë preciso lembrar, no entanto, que a Europa não é um todo monolíco. Enquanto na Itália e Países Baixos já temos no século XIV um significativo desenvolvimento da produção capitalista e o domínio político de uma burguesia nascente, em outros países europeus temos, ao contrário, o fortalecimento das relações feudais e, conseqüentemente, da nobreza feudal.

Portanto, o Renascimento Cultural terá certas variações nacionais e seu engendramento dever-se-á a condições históricas específicas de cada país.

Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais obras:

- Giotto di Bondone (1266-1337) - pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final.

- Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se em arquitetura, pintura e escultura.Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo Final é a mais conhecida).

- Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).

- Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia.

- Sandro Botticelli - (1445-1510)- pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos. Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera.

- Tintoretto - (1518-1594) - importante pintor veneziano da fase final do Renascimento. Obras principais: Paraíso e Última Ceia.

- Veronese - (1528-1588) - nascido em Verona, foi um importante pintor maneirista do Renascimento Italiano. Obras principais: A batalha de Lepanto e São Jerônimo no Deserto.

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