RAÍZES DO MEDO

Dhiogo Caetano



Para compreender o medo da morte devemos retornar ao período conhecido como Idade Média, que abrange cerca de um milênio, durante marcantes e específicos que criou uma personalidade histórica própria que prevaleceram presente no mundo contemporâneo.

Assim, notamos como fortes características a reorganização da sociedade cristã ocidental que conheceu o poder de consequências como a expansão territorial, da qual se destaca as cruzadas que teve pontos marcantes nas estruturas históricas.

Enquanto estruturas demográficas a Idade Média se equilibrava no sistema típico das sociedades agrárias, pré-industriais, onde ocorria alta taxa de natalidade e alta taxa de mortalidade provocada pelas longas estiagens, enchentes e as inúmeras epidemias que provocavam a morte de uma grande parcela da sociedade. Tais dados nos ajudam a compreender o completo despovoamento de certas regiões que permitiu a recuperação de outras regiões, isto graça aos locais desertos que dificultava a difusão da peste, proporcionando um alívio para o homem medieval que de forma “natural” eliminava o medo de morrer.

Na verdade, isto seria apenas um ensaio da crise demográfica da baixa Idade Média que terá seu ponto crucial com a então conhecida peste negra que provocará a perda de um terço da população da Europa Ocidental.

Quando trabalhamos as grandes epidemias na Idade Média devemos compreender que tais processos se concretizaram dentro de uma estrutura de longa duração que proporcionará á comunicação e a penetração dos homens medievais em varias regiões.

Ao trabalhar a história da Idade Média devemos enfocar a história das mentalidades que situa se no ponto de dualismo do individual e do coletivo, do bem e do mau, do verdadeiro e do falso; um período onde a fé era algo essencial para o “bem viver e o bem morrer” do homem medieval.

O medo de morrer promovia fenômenos derivados do dualismo entre a crença na onipresença de um imaginário voltado para a construção de demônios que poderiam ser combatidos através da fé, do comprimento das normas e regras colocadas pela Igreja medieval.

Quando falamos do homem cristão na Idade Média notamos uma constante luta entre o bem e o mau, onde a alma do fiel era disputada por anjos e demônios. Em meio à pesquisa posso compreender que o Ocidente Médio se estrutura na vida terrena, mas com uma permanente preparação para a vida no “céu”. Um universo que se expressava em forma de praticas, ritos e gestos que se tornava comum entre os homens medievais.

Em suma, o homem medieval vivenciava um dualismo com relação entre conflito cósmico do bem e do mau, ocorrendo uma desvinculação da matéria, onde os monges procuram levar a prática da meditação, oração e mortificação do corpo com relação às práticas carnais, visando à libertação das coisas corporais como instrumento de retorno a Deus.

Na Idade Média isso se refletia na visão do pós-morte, um processo de fase coletiva, onde era comum a cena do juízo final, após a qual a humanidade estaria dividida em dois grupos, o dos condenados e o dos salvos. No entanto, notamos que todos os indivíduos buscavam fazer o correto, mantendo o comportamento do corpo, pois o julgamento divino considerava a atuação e a motivação particular de cada alma cristã.

Hilário Franco (1994) em sua obra A Idade Média, afirma que tal período da história será considerado a matriz da civilização ocidental cristã. Local onde os indivíduos viveram períodos onde tudo se prova pela fé, se contrapondo á racionalidade, ao empirismo praticando a perseguição e punição dos infratores, com a misericórdia divina.

Podemos notar que o homem medieval utilizava a sua fraqueza que tinha com base o medo da morte, a fome, o purgatório e o inferno para produzir sua força, desejo e motivação de praticar o “bem” afirmando á cada dia a fé em Deus.

Portanto, Hilário (1994), nos deixa claro que a única instituição que tornava possível a aproximação do homem com Deus era a Igreja que ensinava e ajudava o homem medieval a se manter no equilíbrio do tempo, do corpo e da preparação para a morte; um processo que renovava á cada segundo na vida do homem medieval.





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