Uma das Almas da Revolução
Um dos trabalhos premiados discordava sobre a atitude da sociedade para com os criminosos e doentes mentais. Políticos e intelectuais da época escreviam então muito sobre a dignidade humana. Os novos conceitos do século XVIII - a democracia, a igualdade e a liberdade - eram vetores do seu pensamento.
Foi eleito deputado em 26 de abril de 1789, pelo Terceiro Estado da região de Artois, fazendo o seu primeiro discurso em 18 de Maio de 1789. Após a tomada da Bastilha, Robespierre fez o balanço da jornada revolucionária, mas só veio a ser muito notado, em 25 de Janeiro de 1790, ao fazer um discurso no qual defendia que todos os franceses deveriam poder ser admitidos nos empregos públicos, sem outra distinção que não fosse a dos seus talentos e virtudes.
Em 31 de Março de 1790, assumia a liderança do Clube dos Jacobinos, vindo a tornar-se, até o fim de Setembro de 1791, um dos principais oradores da Assembleia Constituinte. Proferiu mais de 260 discursos. O Clube dos Jacobinos representava já uma das alas mais radicais dos revolucionários, tornando-se Robespierre num dos principais articuladores da Revolução Francesa e no alvo constante dos ataques de seus adversários. Em 16 de Maio de 1791, Robespierre consegue o seu maior sucesso parlamentar, ao fazer decretar que nenhum membro daquela Assembleia poderia ser eleito na legislatura seguinte.
Vai dedicar-se à luta contra a política de Brissot e dos Girondinos, lançando, em Maio de 1792, o jornal do seu credo político - Le Défenseur de la Constituition. No seu primeiro número, escrevia que preferia ver "os franceses livres e respeitados com um rei, do que escravos ou aviltados sob o jugo de um Senado". Na sua opinião, Brissot, ao propôr a implantação da República em 1791, tinha feito recuar a Revolução talvez meio século.
Em 9 de Agosto, Robespierre escrevia a Couthon que era "impossível aos amigos da liberdade prever e dirigir os acontecimentos". Na manhã seguinte, já não havia rei na França. Robespierre aceita o facto consumado.
Eleito, em 5 de Setembro, deputado por Paris na Convenção Nacional, vai acentuar-se ainda mais o seu combate a Brissot e aos Girondinos a propósito do "processo" do rei Luís XVI. Segue-se a traição de Dumouriez. Para Robespierre, a conivência dos Girondinos com o general rebelde não oferecia dúvida, abrindo-se o processo que vai culminar na proscrição dos seus líderes, em 2 de Junho de 1793. Em 10 de Julho, Danton era eliminado. Três dias mais tarde, chegava a vez de Marat. A via estava livre. No dia 27, assume a chefia do Comitê de Salvação Pública, tornando-se Robespierre na alma da Ditadura montanhesa, instigando o Terror, com que se condenou à morte na guilhotina milhares de opositores políticos.
No 1º frimaire, Robespierre inaugura uma cruzada contra o ateísmo. No 18 floreal, decreta-se que o povo francês reconhece a existência do "Ser supremo" e a imortalidade da alma. A política financeira de Cambon, com a qual Robespierre não concordava, e a acção de Amar, Jagot e Vadier no Comité de Segurança Geral, à qual Robespierre se opunha, têm sido apontadas como as causas principais para a sua queda.
No dia 27 de julho, Robespierre é feito prisioneiro em um golpe organizado pelos seus adversários da Convenção (a planície, ou como os jacobinos chamavam-lhes, pântano). A Comuna de Paris ainda tenta defender Robespierre, mas a sua insurreição fracassa.
Maximilien de Robespierre foi guilhotinado em Paris no dia seguinte, no 10 thermidor do ano II (28 de Julho de 1794), sem ter sido julgado, juntamente com o seu irmão Augustin de Robespierre (também membro da Junta de Salvação Pública) e dezessete de seus colaboradores durante o golpe de 9 do Termidor, dentre eles, seus dois grandes amigos, companheiros desde o início de sua jornada, Saint-Just e Couthon.
Ideais
Robespierre e seus seguidores no caminho para o cadafalso, em 28 de julho de 1794.
Robespierre foi um dos raros defensores do sufrágio universal e da igualdade dos direitos, defendendo a abolição da escravidão e as associações populares. Ele defendia que "a mesma autoridade divina que ordena aos reis serem justos, proíbe aos povos serem escravos".
Embora a Igreja tenha sido um dos principais alvos da Revolução, Robespierre acreditava na existência de um Ser Supremo e dizia que "Se a existência de Deus, se a imortalidade da alma não fossem senão sonhos, ainda assim seriam a mais bela de todas as concepções do espírito humano".
Vários historiadores da época relataram, em detalhes, os acontecimentos daquele período. Um deles, F. A. Mignet, escreveu sobre sua percepção dos ideais de Robespierre e de Saint-Just:
"(...) Robespierre e Saint-Just haviam traçado o plano desta democracia, cujos princípios eles defendiam em todos os seus discursos. Eles queriam mudar os costumes, o espírito e os hábitos da França. Eles queriam transformá-la em uma república à moda dos antigos".
"O domínio exercido pelo povo, magistrados desprovidos de orgulho, cidadãos sem vícios, a fraternidade nos relacionamentos, o culto da virtude, a simplicidade dos modos, a austeridade do caráter, eis o que pretendiam estabelecer".
"Liberdade e igualdade para o governo da república; indivisibilidade em sua forma; virtude como seu princípio; Ser Supremo como o seu culto. Quanto aos cidadãos, fraternidade em seus relacionamentos, probidade em sua conduta, bom senso como espírito, modéstia em suas ações públicas, que eles deveriam nortear para o bem do estado, e não para eles mesmos. Tal era o símbolo de sua democracia."
Na véspera de sua prisão, Robespierre proferiu o que pode ser considerado o seu epitáfio: "A morte não é o sono eterno. Mandai antes gravar: a morte é o início da imortalidade! "
A posteridade de Robespierre
Execução de Robespierre
Logo após a sua morte, a imprensa foi implacável contra ele, mas começou a desenhar-se uma viragem de opinião depois do fim do Império Napoleónico. As primeiras tentativas de reabilitação dão-se perto de 1820, sob a Restauração dos Bourbon, através de Guillaume Lallement. Durante o período da monarquia de Luís Filipe I de França, Robespierre tinha já muitos apologistas. Sob o Segundo Império, Ernest Hamel foi um seu destacado hagiógrafo, mas vem a dar-se uma quebra de popularidade sob a Terceira República, que preferiu Danton. Depois de 1910, porém, sob o impulso de Albert Mathiez, produziu-se em França um certo "retorno a Robespierre" por intermédio da "Société des études robespierristes".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maximilien_Robespierre
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