A Batalha do Jenipapo
Quando Dom Pedro I, às margens do Ipiranga,
deu o grito de independência, não houve derramamento de sangue. Foi no
Piauí, às margens do Rio Jenipapo, na cidade de Campo Maior, que os
portugueses perderam a esperança de ter uma colônia na América, sendo
afastados definitivamente das terras brasileiras. A Batalha do Jenipapo,
luta e glória do povo piauiense, assegurou a unidade territorial do
Brasil.
O Piauí como província
Até o final do século XVIII, Portugal não dava a mínima importância
para o Piauí, apesar de o Brasil ser uma colônia lusitana. A província
foi entregue a exploradores maranhenses e baianos. A província era
subordinada à Bahia pelo lado jurídico e, pelo lado administrativo e
religioso, estava sujeitos ao Maranhão.
Muito embora a Freguesia da
Mocha tenha sido instalada em 1697 sob a invocação de Nossa Senhora da
Vitória, somente em 1715 foi criada a Capitania de São José do Piauí. A
terra de Mafrense era muito grande, territorialmente falando, para tão
poucos habitantes.
Para se ter um quadro mais revelador dessa situação, Oeiras, por essa
época, tinha pouco mais de mil habitantes e era a capital imperial do
Piauí. Parnaíba dava os primeiros passos com o comércio de exportação de
carnes e de algodão. O gado era mais importante do que o ser humano.
Até as três primeiras décadas do século XIX, não sequer uma única escola
regular, não obstante já existisse desde 1770 um serviço postal ligando
os mais distantes rincões do território. Havia comunicação postal, mas
não havia escola. Saber ler e escrever era um privilégio de poucas
pessoas, apenas as mais altas autoridades ligadas à administração.
Em
âmbito nacional, o sentimento de independência no Brasil teve inicio no
século XVIII com a chamada Conjuração Mineira de 1789, a Inconfidência
Carioca de 1794 e a Inconfidência Baiana de 1798, todas imbuídas numa
causa comum que girava em torno de idéias liberais, segundo as quais a
soberania reside na vontade do povo, na liberdade de expressão e de
culto.
A partir de então consignou-se o sentimento de liberdade que
culminaria de um modo mais intenso com a participação popular na
Revolução Pernambucana de 1817. Em 1808, a chegada da família real ao Brasil marcou definitivamente
esse sentimento de nacionalidade, com o Brasil se tornando a sede da
Coroa Portuguesa e com os desdobramentos desse fato:
- Abertura do porto às nações amigas
- Fundação do Colégio de Medicina e Cirurgia e da
- Escola de Comércio, a abertura da Escola de Belas Artes
- Fundação do
Banco do Brasil
- Inauguração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
- Elevação do País a Reino Unido
- Criação da Imprensa Oficial e a edição do jornal
- Gazeta do Rio de Janeiro (em 10 de setembro de 1808)
O
reconhecimento dos direitos naturais e imprescritíveis da pessoa humana
estava na ordem do dia, e o Piauí, apesar do isolamento e da distancia
em relação ao Rio de Janeiro, não ficou dessa epopéia libertária, que
deu outros rumos ao destino do Brasil.
Ao contrário da situação dos dias atuais, o quadro financeiro do
Piauí, em 1821, era considerado bom. A atividade agropecuária crescia
vertiginosamente. Quinze mil bois eram abatidos em Parnaíba para
abastecer de carnes os mercados do Maranhão, Ceará e Bahia; o comércio
de algodão era considerado o melhor do Brasil, além do fumo,
cana-de-açúcar e outros produtos.
Cerca de 50% da renda bruta das
numerosas fazendas de gado do Piauí ia parar nos cofres das cortes
portuguesas. O dinheiro que ficava no Piauí pagava os gastos com
atividades militares e preservava a carrancuda máquina administrativa. Em abril de 1821, D. João VI deixou o Brasil e foi para Portugal.
A
comitiva, de quatro mil pessoas, era formada principalmente por membros
da realeza, ricos comerciantes portugueses e outras autoridades, o
ossário de D. Maria I, a Rainha Louca, e 50 milhões em cruzados, isto é,
todo o dinheiro dos cofres do Brasil.
Com a volta da família real para a Europa, a responsabilidade pelo
destino do Brasil ficou a cargo de D. Pedro I. A questão internacional
provocada pela Revolução do Porto (1820), no bojo da qual se admitia a
volta do Brasil à condição de colônia portuguesa, com a administração
ligada diretamente à Lisboa, levou muitas províncias a se rebelarem,
como a Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Ao que apoiavam D. Pedro I e os
setores favoráveis às cortes portuguesas mergulharam num vai-e-vem de
interesses sem precedentes na história política do País.
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