A escritora Liliane Prata, autora de “Três Viúvas” (entre outros livros), inaugura a seção Por que ler recomendando um livro do vencedor do Nobel de literatura de 1968.
Li “Beleza e Tristeza“, de Yasunari Kawabata, já adulta, mas estou certa de que teria me beneficiado muito dessa leitura na minha adolescência. Aliás, esse é mais um integrante da série “Obras que pretendo recomendar à minha filha quando ela for adolescente”.
Não é tanto pelo enredo. Ou mesmo pelo talento literário do autor ganhador do Nobel em 1968. É mais pela pausa. “Beleza e Tristeza” não é um romance que se arrasta, de jeito nenhum, mas é um livro em que até nos acontecimentos mais fortes e mesmo trágicos da narrativa o tempo passa com mais delicadeza do que agilidade: olhares que duram minutos, diálogos que ressoam por anos, amores que duram vidas.
Pensando bem, tudo isso passa pelo enredo, sim – basicamente, a relação de uma jovem e um homem mais velho que se reencontram tempos depois, quando ele está na meia-idade. E tudo isso passa pelo talento literário do autor, é claro: como poderia não passar? Mas o que fica acima de tudo, pra mim, é uma singeleza no olhar, um carinho com essa coisinha frágil chamada vida, que Kawabata faz transbordar na serenidade de cada trecho. Um olhar suave e calmo que pode fazer bem àqueles que, no turbilhão da juventude, querem tudo para ontem, para hoje, para já.
Fonte: Estadão
Por Liliane Prata, especial para o Desculpe a Poeira
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