Por que a foto de uma deputada amamentando se espalhou pelo mundo

A foto da deputada Manuela D'Ávila (PCdoB/RS) amamentando a pequena Laura durante uma sessão na Assembleia da Comissão de Direitos Humanos foi compartilhada mundo afora. Ela teve sua imagem replicada em países como Índia, Japão e Nigéria. Mas, de acordo com Manuela, o registro do momento não foi algo intencional - pelo contrário, amamentar sua filha tem sido um gesto natural há 11 meses, desde que nasceu, e naquela ocasião não foi diferente.

Mas por que a foto da deputada se tornou um símbolo? Em um post no Facebook, Manuela refletiu sobre a situação:

"Fiquei reflexiva sobre os porquês dessa foto chamar tanta atenção. Laura frequenta meu trabalho quando se faz necessário. Ela foi amamentada exclusivamente até os seis meses e eu tive quatro de licença. Ela segue mamando no peito. [...] A comissão começou a se estender por pautas trazidas por mim. Ela mamou ali. E dormiu. Todas as mulheres que são mães e amamentam ou amamentaram sabem que esse gesto é natural e espontâneo.

O que chama atenção na foto em minha opinião? 

Mulheres em espaço de poder, crianças em espaços de poder, vida em espaços de poder. A política é masculina e machista, a política não tem espaço para as mulheres, a política não tem espaço para o que nos diferencia dos homens, a política não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças, não tem espaço para a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e nossas lutas com nossos bebês. Levar Laura comigo tornou-se, sem que eu percebesse, uma forma de resistir a política que desumaniza."

Por que minha foto correu o mundo? 


Comecei a receber dezenas e depois centenas de notificações de compartilhamentos e citações de minha foto, amamentando a pequena Laura - que hoje completa 11 meses! - na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Sites da América Latina, Europa, Índia, Japão, Nigéria.... Fiquei reflexiva sobre os porquês dessa foto chamar tanta atenção.

Laura frequenta meu trabalho quando se faz necessário. Ela foi amamentada exclusivamente até os seis meses e eu tive quatro de licença. Ela segue mamando no peito - embora já se alimente - e é cuidada por mim e por meu marido. Quando está na Assembleia, via de regra, a amamento ou no gabinete ou no banheiro. Busco um local em que ela se sinta acolhida. Aquele dia, porém, a comissão começou a se estender por pautas trazidas por mim. Ela mamou ali. E dormiu. todas as mulheres que são mães e amamentam ou amamentaram sabem que esse gesto é natural e espontâneo! Porém, um dos fotógrafos da Assembleia (eles não creditam as fotos) teve a felicidade de bater a foto. 

Recebi, também, críticas. deveria eu optar entre ocupar meu espaço e criar minha filha da forma que acredito (e que a organização mundial da saúde recomenda) amamentando-a? Eu deixei de concorrer a prefeita de Porto Alegre, numa eleição em que liderava todos os cenários, por julgar que nos primeiros anos minha dedicação à Laura deve ser ainda maior. Não deixei, porém, de ser militante e de lutar para transformar o mundo. sinto, aliás, ainda mais convicção da necessidade dessa transformação após o nascimento dela. Não quero que ela viva num mundo em que ministros fazem piadas machistas, em que políticos acham que levar o filho na escola é "notícia". Quero que ela viva num mundo em que uma mãe amamentar um filho não surpreenda. Para isso, a política precisa ser espaço de humanização e transformação. 

Usuários da rede social aproveitaram a oportunidade para comentar sobre o tema que para alguns ainda permanece um tabu, apesar de ser uma recomendação da Organização Mundial de Saúde que todas as crianças tenham acesso ao aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses de idade.

Fonte: Brasilpost.com.br

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