Conheça a história do Expresso do Oriente que inspirou Agatha Christie

Em 1865, um belga chamado Georges Nagelmackers, filho de um banqueiro, imaginou pela primeira vez "um trem que abrangeria um continente, que funcionaria como uma fita contínua de metal por mais de 1.500 milhas", como E. H. Cookridge escreve em seu livro Expresso do Oriente: A Vida e a Época do Trem Mais Famoso do Mundo.



Em 1883, após problemas financeiros e dificuldades em negociar com várias companhias ferroviárias nacionais, a Compagnie Internationale des Wagons-Lits de Nagelmackers estabeleceu uma rota de Paris para Istambul, chamando o trem de Constantinopla. Mas os jornais o apelidaram de Expresso do Oriente — e Nagelmackers adotou o nome.

Em 4 de outubro daquele ano, o trem partiu para sua primeira viagem formal, com muitos jornalistas a bordo para admirar o luxo e a beleza dos vagões. Os passageiros, encantados, sentiram como se estivessem em um dos melhores hotéis da Europa. Detalhados painéis de madeira, cadeiras de couro de luxo, lençóis de seda e cobertores de lã enchiam os olhos. A viagem de Paris para Istambul durou pouco mais de 80 horas.

O rei dos trens - Alguns reis que viajaram a bordo do trem apresentaram um comportamento muito estranho. Ferdinando, da Bulgária, temendo assassinos, se trancou no banheiro. O rei da Bélgica, Leopoldo II, subiu ao trem para Istambul depois de fazer arranjos para se infiltrar no harém de um homem turco. Já o czar russo Nicolau II exigiu que carros especiais fossem construídos para sua visita à França.

O trem até ganhou o apelido de "Expresso dos Espiões": os agentes secretos utilizavam a linha ferroviária, que "tornava seus trabalhos mais fáceis e suas viagens muito mais confortáveis".

O mais notável desses espiões foi o inglês Robert Baden-Powell, que se disfaçava de especialista em insetos. Seus esboços intrincados das formas e cores das asas de borboleta eram, na verdade, representações codificadas das fortificações que ele observou na Costa da Dalmácia, o que foi de grande ajuda para as marinhas britânica e italiana durante a Primeira Guerra Mundial.

Em 11 de novembro de 1918, oficiais alemães assinaram um documento de rendição em um carro Wagons-Lits do Expresso do Oriente. O veículo foi exposto em Paris até junho de 1940, quando Hitler ordenou que o vagão fosse levado precisamente para o local onde os alemães foram obrigados a render-se 22 anos antes, na Primeira Guerra Mundial. Ali, o ditador ditou os termos da rendição francesa. Quatro anos depois, quando o fim da Segunda Guerra Mundial parecia iminente, Hitler ordenou que o carro fosse explodido, para que não "se tornasse um troféu dos Aliados mais uma vez".

Legado - A linha original de Nagelmackers gerou trens semelhantes, mas que seguem rotas ligeiramente diferentes; até mesmo o termo "Expresso do Oriente" (Orient Express, em inglês) começou a ser usado com fins comerciais. O Direct Orient Express, o Simplon Orient Express (do livro de Agatha Christie), o Nostalgic Orient Express e muitos outros surgiram ao longo dos anos.

As tentativas de manter o antigo glamour do Expresso do Orientenão deram muito certo: certa vez, os clientes tiveram de se vestir com roupas da década de 1920; e outra, um jogo de assassinato foi encenado durante a viagem. Hoje o público pode visitar os carros originais restaurados da Compagnie Internationale des Wagons-Lits por alguns euros.

(Com informações de Smithsonian.com.)
Fonte: Galileu

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