A terra do diabo para os jesuítas


jesuíta chocado com a liberalidade e a selvajaria

Quem nunca acreditou que o Brasil fosse uma espécie de paraíso terreal foram justamente os padres, os jesuítas. Não que não se deliciassem com beleza das coisas, pelo céu azulcíssimo, a brisa gostosa da beira-mar, e pela ausência daquele vento cortante, gelado das Europas. 

É que para eles, homens de Deus, a safadeza aqui reinante era excessiva. A gente avermelhada sempre nua, com as impudências à mostra, o sorriso convidativo das nativas, "cevando as queixadas bestiais em corpos humanos", como disse Anchieta, exalava à pecado e não à santidade. Bastava-lhes ver o olho lúbrico do português, casanova nos trópicos, ávido de índias, descalçando-se, jogando-se nos riachos e nas ribeiras atrás delas na hora do banho, para perceberem que além de "quebrantarem as leis santas da mãe natureza e os divinos preceitos do Pai onipotente", nem toda a água-benta do mundo purificaria a perdição e a sem-vergonhice do chão recém descoberto. 

Paraíso coisa nenhuma. Era, isso sim, a Terra do Diabo!

Fonte: HISTÓRIA por VOLTAIRE SCHILLING

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