Nos anos 30, abrigamos o maior partido de apoio a Hitler fora da Alemanha. Muitos dos imigrantes alemães nazistas eram espiões
Reportagem Leandro Narloch
No dia 20 de abril de 1940, Adolf Hitler completava 51 anos.
Para comemorar seu aniversário, o ministro da propaganda nazista, Joseph
Goebbels, preparou uma festa de rua para milhares de pessoas. Longe da
terra onde nasceram, 456 alemães fizeram uma festa bem mais discreta.
No
salão social do Clube de Atiradores de Blumenau, em Santa Catarina,
eles se reuniram para um almoço e deram vivas a Hitler.
Um dia antes, os
815 alunos de 7 a 15 anos da Escola Alemã da Vila Mariana, em São
Paulo, chegaram às 7h da manhã para as aulas. Como todos os dias,
saudaram os professores gritando a saudação que todo soldado alemão
também fazia: “Heil, Hitler”.
Na mesma época, uma enorme bandeira
vermelha com a suástica preta podia ser vista hasteada no alto do morro
de Santa Tereza, no Rio.
Pois é, na década de 30 o nazismo estava espalhado pelo Brasil. O
partido favorável a Hitler existia desde 1924 e tinha a tarefa de
difundir o nazismo entre os alemães que moravam longe da Alemanha.
E
também, quando possível, mudar a opinião dos brasileiros.
A partir de
1936, quando a tensão ficou maior na Europa e Hitler começou a ameaçar
os países vizinhos, os nazistas brasileiros começaram a divulgar os
discursos de seu líder. Por exemplo, o jornal Deutscher Morgen (“Aurora
Alemã”) publicou na capa este discurso de Hitler:
“Devemos assegurar a
permanência da nossa raça e preservar a pureza do sangue”.
O presidente Getúlio Vargas gostava da Alemanha e não decidia que
lado o Brasil ia apoiar na Segunda Guerra Mundial. Até que, em agosto de
1942, submarinos alemães bombardearam navios brasileiros, e Getúlio
declarou guerra a Hitler e Mussolini.
Foi quando o governo começou a
prender os nazistas brasileiros e descobriu que muita gente era espiã do
governo alemão. E a polícia começou a desconfiar que existia um plano
para o Brasil no caso de os nazistas ganharem a guerra. Exagero? Veja o
que Hitler disse em 1933:
“Precisamos de dois movimentos no exterior: um
leal e um revolucionário. Não vamos desembarcar e conquistar o Brasil
com armas na mão. As armas que temos não se vêem”.
Essas armas secretas
estavam nas escolas, nos clubes e no alto do morro de Santa Tereza.
Saiba mais
• Inventário Deops, Ana Maria Dietrich, Eliane Alves e Priscila
Perazzo, Imprensa Oficial, 1997. Reúne a ficha policial de todos os
acusados de nazismo em São Paulo
• A Guerra Secreta de Hitler no Brasil, Stanley Hilton, Nova Fronteira,
1983. É o primeiro grande trabalho sobre os espiões alemães e a
contra-espionagem brasileira
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