Junte um nobre da maior monarquia europeia que não tem a quem governar e um vasto país imerso no caos político que procura um rei. O resultado: um final infeliz
Texto Wagner Gutierrez Barreira
Ele era arquiduque da Áustria, irmão do imperador áustro-húngaro Francisco
José e por isso, ao nascer, o primeiro na linha sucessória. Casou-se com
Carlota, filha de Leopoldo I, soberano da Bélgica e um dos homem mais ricos da
Europa.
Maximiliano de Habsburgo pertencia à real mais importante do período - a
mesma da imperatriz brasileira Leopoldina, ele era primo de dom Pedro 2º.
Conta-se que se apaixonou por Amália, irmã do imperador brasileiro, que morreu
antes que eles anunciassem o romance.
Gostava de pintura, de poesia e de
história e dominava 7 idiomas. O sogro pressionava para que conduzisse um Estado
e seu primeiro posto como autoridade foi o vice-reinado de Lombardo-Vêneto, no
norte da atual Itália, entre 1857 e 1859. Mas os italianos estavam em guerra com
os austríacos por independência, derrotaram Maximiliano e ele decidiu retirar-se
da vida pública.
Foi com a mulher para o castelo que construíra em Trieste,
chamado Miramar, e ficaria por lá cuidando das coisas de que realmente gostava,
como a literatura, não fosse envolvido pelas teias da História. Uma estranha
história, que acontecia do outro lado do Atlântico.
O fuzilamento do imperador, por Manet, amigo de Maximiliano.
O México foi um dos primeiros Estados da América Latina a conseguir a
independência, em 1810. Mas desde seu nascimento como nação viu-se às voltas com
uma vida política polarizada, dividido entre liberais e conservadores.
Em 1857,
o liberal Benito Juárez era o presidente eleito, depois de aprovar uma
Constituição que garantia a divisão política entre os 3 poderes e a liberdade de
expressão. Mas o general conservador Félix Zuloaga ocupou parte do país e
começou uma guerra civil. Quatro anos depois, os liberais venceram, unificaram o
México e expulsaram bispos, o arcebispo e o representante da Espanha, que haviam
apoiado os conservadores - e resolveram dar um calote na dívida
externa.
A decisão caiu como uma bomba nos países que tinham dinheiro a receber do México. Napoleão 3º, da França, convocou representantes da Espanha e da Grã-Bretanha, que decidiram bloquear os portos mexicanos para forçar o pagamento da dívida.
A decisão caiu como uma bomba nos países que tinham dinheiro a receber do México. Napoleão 3º, da França, convocou representantes da Espanha e da Grã-Bretanha, que decidiram bloquear os portos mexicanos para forçar o pagamento da dívida.
"Os monarquistas mexicanos residentes na Europa tentaram
interessar o imperador francês a tomar parte em um projeto monárquico", escreveu
a historiadora Josefina Zoraida Vázquez no livro Nueva Historia Mínima de
México.
"O imperador francês sonhava em construir um império "latino" que
servisse de muro de contenção à expansão anglo-saxônica." Napoleão invadiu o
país em abril de 1862. Em 19 de julho, uma assembleia de notáveis proclamou o
império. Só faltava achar um imperador.
Maximiliano era o cara. Jovem, popular e sem mandato na Europa, foi visitado pelos monarquistas mexicanos, mas refugou. "Só se for a vontade dos mexicanos", disse. Os monarquistas recolheram milhares de assinaturas. Os franceses fizeram um plebiscito na capital mexicana ocupada que, óbvio, deu a vitória à Maximiliano. No dia 10 de abril de 1864, com o endosso do papa e do imperador francês, ele finalmente aceitou o trono. Havia um bom modelo a seguir - a estável monarquia brasileira de seu primo Pedro 2º.
Quando chegou à Cidade do México, foi recebido com festa até por liberais moderados, que imaginavam estar diante de uma chance de garantir alguma ordem política ao país. Só que o novo imperador era liberal de coração. E as coisas começaram rapidamente a degringolar.
Maximiliano era o cara. Jovem, popular e sem mandato na Europa, foi visitado pelos monarquistas mexicanos, mas refugou. "Só se for a vontade dos mexicanos", disse. Os monarquistas recolheram milhares de assinaturas. Os franceses fizeram um plebiscito na capital mexicana ocupada que, óbvio, deu a vitória à Maximiliano. No dia 10 de abril de 1864, com o endosso do papa e do imperador francês, ele finalmente aceitou o trono. Havia um bom modelo a seguir - a estável monarquia brasileira de seu primo Pedro 2º.
Quando chegou à Cidade do México, foi recebido com festa até por liberais moderados, que imaginavam estar diante de uma chance de garantir alguma ordem política ao país. Só que o novo imperador era liberal de coração. E as coisas começaram rapidamente a degringolar.
- Primeiro - Garantiu liberdade de culto e manteve a apropriação dos bens do clero. Tal decisão tirou o apoio que recebia de muitos conservadores.
Maximiliano não se preocupou. Tratou de
embelezar a capital, com a criação de novos parques e passeios e cuidou de
questões importantes: devolveu terras a povos indígenas, aprovou uma jornada de
trabalho de 10 horas diárias no máximo, proibiu castigos físicos e aplicou
dinheiro em educação e ciência.
Tudo isso com capital francês, emprestado por
Napoleão 3º - e com tropas francesas, que permaneceram no país para sustentar o
imperador. Alguns historiadores o tratam como um mero fantoche de Napoleão 3º.
Mas em seus escritos é notável a vontade de ser aceito pelos mexicanos. Um
desejo ingênuo: os conservadores queriam um monarca forte e retiraram seu apoio
por causa de seu comportamento liberal. Os liberais eram republicanos - e não
tinham por que aceitar um imperador, ainda mais estrangeiro.
Mesmo sem sustentação interna, Maximiliano fazia um governo que ia razoavelmente bem, mas no fim de 1865 aconteceram algumas mudanças.
Mesmo sem sustentação interna, Maximiliano fazia um governo que ia razoavelmente bem, mas no fim de 1865 aconteceram algumas mudanças.
Em primeiro lugar - O vizinho do
norte se mexeu.
Com o fim da Guerra Civil americana, Benito Juárez, que
organizou guerrilhas no interior do país desde a chegada do imperador, conseguiu
levantar dinheiro e apoio nos EUA. O governo francês, que sustentava
Maximiliano, foi pressionado a deixar o país pelos americanos.
Napoleão 3º
recolheu as tropas - os movimentos do imperador do México estavam mais voltados
a um governo de união nacional do que servir aos interesses da França. O irmão
do imperador cogitou enviar 4,5 mil soldados austríacos, mas os americanos
ameaçaram com uma guerra.
A imperatriz Carlota tentou ir à Europa para manter
acordos com Paris e o Vaticano que sustentavam o marido no poder - foi impedida
e enlouqueceu. Maximiliano pensou em abdicar ao trono, mas seus ministros o
fizeram mudar de ideia - em breve, eles o abandonariam.
No começo de
1867, as forças republicanas avançavam rapidamente. O imperador fugiu para
Querétaro, mas acabou capturado com os dois únicos generais que se mantiveram
fiéis a ele.
Julgado por um conselho de guerra, foi condenado à morte
Escreveu
cartas para a mulher e a mãe e encarou o pelotão de fuzilamento, não sem antes
fazer votos "para que meu sangue acabe com as desgraças de minha nova pátria".
Morreu em 19 de julho de 1867, aos 34 anos. Para a história, ficou o registro de
um amigo de Maximiliano, o impressionista Édouard Manet, que pintou seu
fuzilamento.
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