O fim de Chavez põe fim à novela de realismo mágico em que havia se transformado a questão de sua doença.
Como a morte não tem ideologias
nem interpretações políticas, o que pode ser dito agora é que Chavez
deixa uma enorme emoção no povo venezuelano mas também um vazio que
nenhum de seus seguidores poderá preencher a curto prazo,pelo menos.
Todo
líder autoritário e carismático passa todo o seu tempo no poder
equilibrando diversas correntes mas reservando para si próprio a
essência do poder e arbitragem final.Há na Venezuela uma comprovação
desta lógica política.
Certamente, Nicolas Maduro tem o privilégio da
última vontade de Chavez e, por isso, será o candidato imbatível do
chavismo nas eleições presidenciais que ocorrerão em trinta dias. A
oposição nesse momento não poderá contrapor- se, com qualquer chance de
vitória.
A
médio prazo porém, a coesão do chavismo será duramente posta a prova
pelas medidas de austeridade que o governo terá inevitavelmente que
tomar em razão da situação precária da economia venezuelana.
O pai do
povo - Hugo Chavez - tudo podia.Seus sucessores não têm sua
intransferível estatura e precisarão adotar políticas em nada
compatíveis com a felicidade geral que o líder morto sempre prometeu,
embora nunca tenha cumprido.
A sociedade venezuelana acreditava nele,
em boa parte por efeito já citado do realismo mágico latino
americano.
Acreditará nos herdeiros? Não é a mesma coisa, diria o Barão
de Itararé.
O que pode acontecer então é uma evolução que só os videntes
podem decifrar.
Mas a história ensina que, depois dos reis sol, como
dizia Luiz XIV, resta o dilúvio
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