5 reflexões para entender o pensamento de Simone de Beauvoir

Em janeiro de 1908, nascia a francesa Simone de Beauvoir, filósofa, escritora e ícone do pensamento feminista e existencialista. O existencialismo é a corrente filosófica do século 20, que tem como expoentes, além de Beauvoir, intelectuais como Jean-Paul Sartre, Albert Camus e Maurice Merleau-Ponty.

(FOTO: WIKIMEDIA/MOSHE MILNER )

Essa declaração de Sartre à revista Paru, em 1945, pode ajudar a entender o pensamento existencialista: "Não existe um caminho traçado que leve o homem à sua salvação; ele precisa inventar incessantemente seu próprio caminho. Mas, para inventá-lo, ele é livre, responsável, autêntico, e todas as esperanças residem dentro de si".



Beauvoir estudou Filosofia na Universidade Sorbonne, em Paris, onde conheceu o também filósofo Jean-Paul Sartre. Os dois mantiveram um relacionamento aberto, tido como polêmico até os dias atuais.

Aos 23 anos, virou professora de Filosofia na Universidade de Marselha e deu início à publicação de sua obra: ensaios, romances e livros com reflexões sobre o papel da mulher na sociedade. Morreu aos 78 anos de pneumonia, um ano e um dia depois da morte de Sartre, em 14 de abril de 1986, e foi enterrada ao lado do companheiro em Paris.

A seguir, veja cinco reflexões para entender o pensamento de uma das filósofas mais influentes de todos os tempos.

Querer ser livre é também querer livres os outros

A liberdade sempre foi uma das maiores preocupações de Simone de Beauvoir, que abordou o tema em livros como Por uma Moral da Ambiguidade. A frase descreve também o relacionamento com Sartre, que durou 50 anos. Os dois tinham uma relação aberta dentro da proposta de “pacto de liberdade”, para não se amarrarem um ao outro. Em A Cerimônia do Adeus, a filósofa fala sobre a relação e sobre o luto após a morte do companheiro.


       “Viver é envelhecer, nada mais

A velhice era outro tema recorrente nos textos de Simone de Beauvoir. Em 1970, aos 60 anos, publicou A Velhice, no qual tratou do assunto como algo não apenas biológico, mas cultural. No livro, ela questiona a desumanização da velhice e a sexualidade tolida das idosas.

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. 

IMAGEM: SARTRE E SIMONE NO MEMORIAL BALZAC (FOTO: WIKIMEDIA/ARCHIVES GALLIMARD AT PARIS)

É a frase mais clássica de Beauvoir, retirada do livro O Segundo Sexo. Para ela, “nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino”.



Em outras palavras, ela defende a distinção entre sexo e gênero. O primeiro é um fator biológico, ligado à constituição físico-química do corpo humano. Já o segundo é construído pela sociedade, ou seja, ser homem ou ser mulher não é um dado natural, mas algo performático e social — ao longo da história, cada cultura criou os padrões de ação e comportamento de determinado gênero.


O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos

Ainda em O Segundo Sexo, Beauvoir escreve sobre a hierarquia social do gênero masculino e a cumplicidade feminina com sua própria opressão. O estudo serviu como pontapé para diversas vertentes feministas se debruçarem sobre a questão e buscarem formas de resolver as desigualdades entre os gêneros.

O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles

Em Memórias de Uma Moça Bem-Comportada, obra autobiográfica e existencialista de 1958, Beauvoir critica a opressão moral e religiosa das mulheres de sua geração. Na visão da filósofa, tais imposições sociais e o peso do conservadorismo são capazes de matar as mulheres.

Fonte: revistagalileu

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