

Em 1803, tendo cerca de dez ou onze anos de idade, perdeu a mãe. Cinco meses após enviuvar, o pai casou-se em segundas núpcias com Eugênia Maria dos Santos, que veio a falecer pouco tempo depois, sem que da união nascessem filhos. A família mudou-se então para a fazenda [serra da Agulha].
Na nova residência, Gonçalo Alves casou-se pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito, com quem teve mais três filhos. A nova madrasta, afirma-se, nunca concordou com os modos independentes de Maria Quitéria. Embora sem uma educação formal, uma vez que à época as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, Maria Quitéria aprendera a montar, a caçar e a usar armas de fogo, conhecimentos essenciais à época.
Maria Quitéria saiu de casa para lutar no Batalhão dos Periquitos, comandado pelo avô do poeta Castro Alves. Seus pais, embora portugueses, a estimularam e a apoiaram em seus objetivos e patriotismo. Sua valentia e destemor puderam ser confirmados por seus companheiros, entre outras, nas importantes batalhas de Itapuã e Pirajá.
Na primeira, por exemplo, Maria Quitéria, ou soldado Medeiros, como era conhecida, invadiu sozinha uma trincheira inimiga e acabou levando dois prisioneiros para o acampamento. Descoberta sua verdadeira identidade, Maria Quitéria recebeu como prêmio a promoção ao posto de primeiro-cadete. Recebeu também o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul. O seu entusiasmo contaminou outras mulheres. Centenas delas seguiram o seu exemplo e passaram a integrar a Companhia Feminina, criada pelo Exército e comandada por ela. Em Foz do Paraguaçu, Maria Quitéria e suas companheiras, com água até o peito, conseguiram o feito heróico de impedir o desembarque dos inimigos.
Quando os conflitos se aproximaram do centro de Salvador , os colonizadores organizaram a fuga. Na madrugada do dia dois de julho, Madeira de Melo, comandante português, embarcou 6 mil soldados, 4 mil marinheiros e 2 mil funcionários, em 84 navios e zarpou rumo a Portugal. No mesmo dia de 2 de julho de 1823, ao meio dia, as tropas brasileiras entraram em Salvador. À sua frente estava a heroína Maria Quitéria.

Maria Quitéria: Monumento ao 2 de Julho, na Praça do Campo Grande (Salvador, Bahia)
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