26 de Julho de 1930 - 85 anos sem João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque



"João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro, 24 de janeiro de 1878 — Recife, 26 de julho de 1930) foi um político brasileiro"

Sobrinho do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, graduou-se como bacharel em Direito na Faculdade de Direito do Recife. Negou o seu apoio ao candidato oficial à presidência da República Júlio Prestes, em 29 de julho de 1929. Mais tarde compôs com Getúlio Vargas a chapa de oposição à presidência da República para as eleições de 1 de março de 1930.

Em seu governo (1928-1930) promoveu uma reforma na estrutura político-administrativa do estado e, para enfrentar as dificuldades financeiras, instituiu a tributação sobre o comércio realizado entre o interior paraibano e o porto de Recife, até então livre de impostos. Essa medida contribuiu para o saneamento financeiro do estado, mas gerou grande descontentamento entre os fazendeiros do interior, como o coronel José Pereira Lima, chefe político do município de São José de Princesa e com forte influência sobre a política estadual (João Dantas era seu aliado).

O seu legado histórico desperta certa polêmica. Os defensores de João Pessoa alegam que ele foi um combatente das oligarquias locais e se contrapunha a interesses de grupos tradicionais, embora ele mesmo proviesse de família de oligarcas.

João Duarte Dantas passou a fazer uma violenta oposição a João Pessoa. Um apartamento seu, localizado em sobrado da então Rua Direita, 519 (hoje Duque de Caxias), bem no centro da capital, próximo do Ponto de Cem Réis e do palácio onde trabalhava João Pessoa, foi invadido pela polícia no dia 10 de julho, sem que se saiba até hoje se com ou sem o conhecimento prévio do presidente paraibano. Livros, documentos e móveis de João Dantas foram queimados na calçada fronteira.




"Informa-se sem confirmação que se aprenderam cartas íntimas entre João Dantas e sua noiva Anayde Beiriz" 



O jornal A União, que já era então o órgão oficial do governo da Paraíba, publicou uma série de acusações gravíssimas a familiares de João Dantas, inclusive ao patriarca, Dr. Franklin, junto com a publicação nos jornais da capital do estado, de cartas íntimas trocadas com a professora Anaíde Beiriz. Ódio mortal passou a jogar um João contra o outro. Amigos preocupados com aquela rivalidade conseguiram que o Dantas se retirasse para Olinda, em Pernambuco.

Em 26 de julho de 1930, na Confeitaria Glória, no Recife, entra João Dantas, armado de um revólver, acompanhado do cunhado Moreira Caldas. Logo vislumbra João Pessoa. Aproximou-se dele:

“Sou João Dantas, a quem tanto humilhaste e maltrataste!”

Vários tiros foram disparados por João Dantas e por Moreira Caldas, não se tornando possível, assim, caracterizar qual tenha sido a bala fatal que lhe varou as costas. Ao tentar a fuga, João Dantas foi ainda atingido de raspão na cabeça com um disparo feito pelo motorista de João Pessoa. Em seqüência, diversas outras mortes trágicas. Presos, João Dantas e Moreira Caldas foram recolhidos à Casa de Detenção, do Recife, onde ambos, no dia 3 de outubro, logo no início da Revolução de 30, viram-se degolados a cortes de navalha e suas cabeças remetidas à Paraíba.

FUNERAL DE JOÃO PESSOA




Foi a partir da morte de João Pessoa que Getúlio Vargas, apoiado por Assis Chateaubriand e o poder de imprensa de seus Diários Associados, conseguiu o apoio da população já insatisfeita com o regime político em vigor, com lembrou o também historiador José Octávio de Arruda Mello.

A personalidade Anayde Beiriz foi apontada como o pivô da tragédia por jornais e revistas da época. Contudo, conforme o livro do pesquisador Wellington Aguiar, as correspondências trocadas pela professora e poetisa e o advogado João Dantas, autor do crime, não foram o motivo principal do assassinato, mas acusações de envolvimento com o cangaço, falsificação de dinheiro e violação de correspondências de João Dantas e seu pai.

A cidade de João Pessoa é assim denominada em sua memória. Antes chamada Paraíba - mesmo nome do Estado - a capital teve o seu nome alterado, logo após o assassínio de João Pessoa, episódio considerado o estopim da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Naquele período, foram perseguidos e mortos muitos opositores do grupo político de que Pessoa fazia parte. O momento de exceção em que se deu a homenagem, entre outras razões, justificaria, segundo alguns pessoenses, a discussão sobre uma nova alteração na denominação da cidade.

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