Indígenas no Brasil - Uma história de despovoamento


 


A história do povoamento indígena no Brasil é, antes de tudo, uma história de despovoamento, pois se é possível considerar que o total de nativos que habitavam o atual território brasileiro em 1500 estava na casa dos milhões de pessoas, hoje mal ultrapassa os 300 mil indivíduos.


Despovoamento, portanto, eis o primeiro grande traço da história indígena no Brasil, como, de fato, ocorreu nas Américas em proporções gigantescas.


O conhecimento sobre os nativos da terra foi possível graças aos registros produzidos por viajantes de várias nacionalidades que aqui aportaram desde o século XVI, aos relatórios dos colonizadores e outros estrangeiros, à correspondência dos jesuítas e às gramáticas da "língua geral" e de outras línguas.


No Período Colonial houve muita discussão sobre a origem dos índios: uns acreditavam que eram descendentes das tribos perdidas de Israel, outros duvidavam até que fossem humanos. Em 1537, o papa Paulo III proclamou a humanidade dos índios na Bula Veritas Ipsa.






 Confira na gravura ao lado, do livro de Claude Abbeville, como os europeus, nos séculos XV e XVI, concebiam os nativos brasileiros.












Hoje já se conhece mais sobre as origens do povoamento da América: supõe-se que os povos ameríndios foram provenientes da Ásia, entre 14 mil e 12 mil anos atrás. Teriam chegado por via terrestre através de um "sub-continente" chamado Beríngia, localizado na região do estreito de Bhering, no extremo nordeste da Ásia.


Você sabia que a palavra "índio", que hoje significa indivíduo que tem origem em um grupo indígena, nasceu de um engano? Quando Cristóvão Colombo chegou no continente americano em 1492, ele achou que havia encontrado as Índias, o "outro mundo", como dizia.


Depois de serem chamados de índios, os índios brasileiros foram classificados pelos colonizadores em dois grupos: os tupinambás (ou tupis) e os tapuias. Os tupis eram predominantes no litoral brasileiro no século XVI; eles tinham algumas semelhanças de língua e costumes. Já os tapuias não eram um grupo com características semelhantes.


Na verdade, eles eram "os outros", os que não se encaixavam no grupo dos tupis por falarem línguas diferentes daquelas com que eles se entendiam.


Esta classificação em tupis e tapuias, mesmo insuficiente, foi muito importante para os colonizadores registrarem como viviam os índios no nosso território há 500 anos.


Este texto foi extraído do livro Brasil : 500 anos de povoamento /IBGE, 2o capítulo "História indígena: 500 anos de despovoamento" de Ronaldo Vainfas.

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