Cumprimento usado como sinal de respeito sempre esteve ligado ao universo militar
A origem exata da continência é incerta. Sabe-se que o cumprimento é usado como sinal de respeito, sempre com caráter militar, há séculos. A teoria mais aceita é que ela tenha surgido durante a Baixa Idade Média.
“O cavaleiro levantava o visor do elmo para que outra pessoa o identificasse como amigo ou como membro do mesmo grau de cavalaria”, afirma o comandante Antônio Luiz Porto e Albuquerque, ex-professor de História Naval da Escola Naval, no Rio de Janeiro. “Ainda hoje, a saudação é feita olhando para a pessoa cumprimentada, identificando-a como parte das organizações defensoras do Estado.”
Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas, há outra hipótese para o nascimento da continência – ou saudação militar. O cavaleiro medieval segurava as rédeas do cavalo com a mão esquerda e levantava o visor do capacete com a mão direita na frente do comandante. Com o gesto, mostrava que a mão direita, que carregava a lança ou a espada, estava livre e disponível para a luta. Os capacetes foram ficando mais pesados e, em vez de levantá-los, os soldados passaram a fazer apenas o movimento de levar a mão até ele.
Hoje, a continência está presente nas forças armadas de todas as nações do mundo. A maior parte delas é a mesma que foi primeiramente adotada pelo Exército britânico, inspirada na dos cavaleiros medievais. De acordo com Antônio Porto, em 1882, a saudação podia ser feita tanto tocando o chapéu com o dedo quanto tirando-o. Em 1890, a rainha Vitória determinou que ela só deveria ser feita se o militar estivesse com o chapéu ou o boné na cabeça.
Hitler, durante a Segunda Guerra, impôs às forças armadas nazistas uma continência inspirada no famoso “Ave, César” – esta não era uma continência, mas sim um gesto em sinal de respeito ao imperador Júlio César. Ele é feito com o braço direito para cima, num ângulo de 45 graus.
Aficionado pelo esplendor militar do antigo Império Romano, Adolf Hitler resolveu trocar a continência clássica pelo “Ave, César” dirigido ao imperador Júlio César. Nessa continência, o subordinado deveria erguer o braço direito em uma inclinação de quarenta e cinco graus. No caso, a saudação sonora foi devidamente substituída pelo “Heil, Hitler”, que também era ruidosamente reproduzida por vários cidadãos alemães durante os comícios do fuhrer.
Com o tempo, o costume espalhou-se entre os membros de um mesmo exército: a mão levada à testa passou a representar, então, um cumprimento amigável - e servia também como uma espécie de senha, pois tinha muitas variações para confundir os inimigos. Os militares franceses, por exemplo, até hoje cumprimentam-se com a palma da mão voltada para a frente - já os brasileiros batem continência à moda prussiana, com a palma da mão para baixo.
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