Reprodução da Cachaça
Descontentes com o crescente consumo da Cachaça e a conseqüente
desvalorização da Bagaceira e dos vinhos provenientes da Corte, os
Portugueses editam a Carta Régia de 1647 na qual proíbem o consumo da
cachaça visando manter seu monopólio.
O consumo só era permitido aos escravos e em Pernambuco, que nessa
época encontrava-se sob domínio holandês. Porém, em 1654 os holandeses
são expulsos e a concorrência do açúcar brasileiro com o das Antilhas
acaba diminuindo o lucro dos Senhores de Engenho.
Para compensar essa queda os Senhores passam a produzir a Cachaça,
obtendo lucro com o tráfico para angola. Para coibir a ilegalidade, nova
ordem é expedida, em 1659, ordenando a destruição de todos os
alambiques da colônia, bem como a dos navios que transportassem o
produto.
O caráter ilícito do comércio de cachaça nessa época não vigorava no
estado do Rio de Janeiro, onde o seu governador Salvador Correia de Sá e
Benevides havia liberado o consumo da cachaça, e o conseqüente
pagamento de taxas relativas a ele, como forma de driblar a crise
financeira vivida pelo setor açucareiro.
Embora na cidade do Rio de Janeiro não ocorressem incidentes, os
produtores da região norte da Baía da Guanabara, rebelaram-se contra a
taxa.
Durante a madrugada de 8 de novembro de 1660, liderados pelo
fazendeiro Jerônimo Barbalho, 112 senhores de engenho, exigiam o fim da
cobrança das taxas, bem como a devolução daquilo já arrecadado.
Tomé de
Souza Alvarenga, tio do governador, e em exercício durante sua ausência
devido a uma viagem a São Paulo, mostrou-se fraco diante dos amotinados
que, sob a promessa de pagamento dos soldos em atraso, haviam conseguido
a deserção dos soldados.
Na praça é aclamado Agostinho Barbalho novo governador, buscou
esfriar os ânimos, fez nomeações e procurou agradar a família Correia;
suas atitudes conciliadoras agradaram a Salvador de Sá que, informado
dos acontecimentos em São Paulo, reconheceu-lhe no cargo – apoio que
gerou a insatisfação dos revoltosos, fazendo-o derrotado nas eleições
para a Câmara, que havia convocado.
Seu governo terminou em 6 de
fevereiro de 1661, quando a Câmara conduziu seu irmão, Jerônimo
Barbalho, à governadoria. Este agiu autoritariamente, perseguindo aos
jesuítas, aliados de Salvador de Sá, e também aos militares.
Isso
fez-lhe surgir poderosa oposição
Instado pelos padres da Companhia de Jesus, Salvador de Sá organizou uma
tropa de paulistas (na maioria índios e mestiços), e o apoio de dois
navios que lhe foram da Bahia para o litoral fluminense, chegando em
abril.
O Rio de Janeiro foi atacado de surpresa, na madrugada de 6 de
abril. As tropas baianas vieram pela praia, enquanto Salvador de Sá
invadiam com os seus pelo interior. Apanhados de surpresa, os revoltosos
não opuseram resistência. Porém, o Conselho Ultramarino, deu razão aos rebelados.
Salvador de Sá
foi afastado de suas funções. e teve de responder em Portugal por seus
excessos. Os rebeldes condenados foram libertados.
Ainda em 1661 a regente Luísa de Gusmão liberou a produção da
cachaça no Brasil. A medida incrementou o tráfico com Angola e a
economia fluminense.
O comércio local, entretanto, continuava vedado, mas a repressão era
nula, contando até com a participação das autoridades:
João da Silva e
Souza, que governou o Rio de 1670 a 75, era o principal contrabandista
A proibição foi revogada, finalmente, em 1695. A cachaça, que
motivou e deu nome à revolta – à época também chamada de “aguardente da
terra” e jeritiba – teve sua produçao elevada, em uma década, a 689
pipas (barril de 450 litros) ao ano (ou cerca de 310 mil litros).
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