Capriche: o seu texto é seu cartão de visitas | Arlete Salvador


Pouco importa a idade ou local de trabalho, você certamente está escrevendo e-mails e mensagens de texto para transmissão via WhatsApp ou telefone. Também é quase certo que você esteja presente no Facebook e no LinkedIn. Talvez mantenha um blog sobre viagens, jardinagem, crianças? Não há como escapar: você está escrevendo como nunca. As novas tecnologias digitais fizeram isso. Como são plataformas baseadas em mensagens de texto, os usuários (nós todos) estamos reaprendendo a escrever. Melhor ainda: estamos todos aprendendo a nos comunicarmos por escrito.



Apesar da incorporação de ferramentas de voz e vídeos pelas plataformas digitais, o mundo corporativo opera por meio de textos. Emails e mensagens instantâneas são considerados documentos oficiais e aceitos até em tribunais para desempatar disputas comerciais, financeiras e até pessoais. Fala-se cada vez menos ao telefone. Aliás, os telefones viraram meios para transmissão de recados escritos. Nossas conversas são cada vez menos conversas e mais trocas de cartas – entregues pelo whatsApp ou por correio eletrônico em questão de segundos.









Nesse universo, é natural que a habilidade de escrever tenha se tornado uma das mais buscadas no mercado de trabalho. Estudo concluído em 2015 pela Nace (National Association of Colleges and Empoyers), entidade americana que reúne escolas e empresas, apontou a capacidade de escrever como a terceira mais importante em jovens candidatos a empregos, atrás apenas das habilidades de liderança e de trabalho em equipe. A demanda também já foi sentida na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de Sao Paulo. As empresas que oferecem estágios aos alunos sugeriram ênfase em atividades para desenvolvimento da escrita e da comunicação oral.

A necessidade de escrever deu frutos. As gerações mais velhas de profissionais tiveram que voltar no tempo e reaprender a escrever, pois cresceram acreditando que a formação técnica dispensava o estudo da Língua Portuguesa. As novas gerações, nascidas já na era da tecnologia digital, sofrem angústia semelhante: quando chegam ao mercado de trabalho, precisam reaprender a escrever, pois a a linguagem da web, com suas abreviações, informalidade, ausência sinais gráficos, tem muito pouca serventia.

Então, cabe aqui a pergunta fatal: é preciso aprender e usar as regras da Língua Portuguesa culta para se dar bem nesses tempos de comunicação por escrito? A dúvida faz sentido. As plataformas digitais permitem a informalidade, a concisão e a até a abreviatura de palavras muito conhecidas. Tudo bem. É isso mesmo. Mas ser informal não significa cometer erros gramaticais e corromper a ortografia e a sintaxe. Escrever bem neste momento é comunicar-se bem por escrito. É transmitir a mensagem de forma clara e objetiva sem deixar espaço para dúvidas. E não se comunica assim quem ignora os instrumentos da Língua culta.

Se ainda não estiver convencido, lembre-se: um bom texto impressiona o chefe, o cliente, o professor e o amado. Passa a imagem de eficiência, inteligência e modernidade. E isso faz toda a diferença. Estamos na era virtual, certo? É bem possível que, em muitos casos, você nunca venha a encontrar essas pessoas, falar com elas, trocar impressões sobre o último jogo de futebol. O seu texto é a única parte de você que o outro lado conhecerá. É o seu cartão de visitas; resume quem você é. Melhor caprichar.



Por Arlete Salvador
Fonte: editoracontexto

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