“Queria que você me visse”, Emery Lord


Título: Queria Que Você Me Visse
Título original: When We Collided
Autor: Emery Lord
Tradutor: Lígia Azevedo
Editora: Seguinte
Número de Páginas: 352
Ano de Publicação: 2018
Skoob: Adicione
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Jonah Daniels vive em uma cidadezinha na Califórnia desde que nasceu. Há seis meses, com a morte de seu pai, toda a sua família teve que se adaptar: Jonah e seus cinco irmãos se tornaram responsáveis por manter a casa em ordem e cuidar do restaurante que o pai deixou. No começo do verão, porém, a vida do garoto parece prestes a seguir um novo rumo com a chegada de Vivi Alexander.

Vivi é apaixonada pela vida. Encantadora e sem papas na língua, ela se recusa a tomar um de seus remédios porque sente que ele reprime seu ímpeto de viver novas aventuras. E, ao encontrar Jonah, ela tem certeza de que está prestes a viver mais uma. Mas será que Jonah está disposto a correr os mesmos riscos que ela?

Queria que você me visse é o primeiro livro de Emery Lord publicado no Brasil. Escrito com delicadeza, o livro aborda a questão das doenças mentais sem deixar de abordar temáticas típicas da adolescência que normalmente estão presentes em obras YA.


Jonah perdeu o pai há seis meses. Desde então, ele e os irmãos vêm se desdobrando para se cuidarem, especialmente porque sua mãe continua muito debilitada pelo luto. É quando Vivi chega à cidade e, com seu jeito intenso e espontâneo, traz para essa família uma alegria até então impensável. Porém, a garota também enfrenta os próprios fantasmas — entre eles, sua recusa em tomar os medicamentos receitados por sua médica.

Em primeira pessoa, a narrativa se alterna a cada capítulo entre as perspectivas de Jonah e Vivi, proporcionando ao leitor conhecer intimamente cada um dos personagens. Como a escrita de Emery Lord é bastante simples e cativante, a leitura pode ser feita rapidamente, permitindo que a história avance em grande velocidade. Contudo, o que mais confere essa rapidez à narrativa é a própria Vivi. A personagem é sempre tão acelerada que sentimos seu ritmo na própria leitura, mesmo quando estamos na perspectiva de Jonah — afinal, ele também é afetado pela figura de Vivi.


O trunfo da autora em Queria que você me visse está justamente em ter conseguido transpor para a narrativa características da personagem e da doença que ela enfrenta. Em diversos momentos, me vi em conflito com Vivi e até mesmo me sentia atordoada pelo ritmo narrativo. Dessa maneira, podemos ter um vislumbre do que ela vivencia e nos tornamos mais sensíveis a compreender sua doença de uma forma mais próxima do que por simples palavras esvaziadas de significação, como normalmente acontece ao lermos os sintomas de uma enfermidade. Porém, mais do que tudo, a personagem não é definida por sua doença. Vivi é espontânea, empoderada, consciente de si ao mesmo tempo que tem suas próprias inseguranças e caprichos. Vivenciei uma relação de amor e ódio com ela, sofri por seus traumas e anseios, me enchi de esperança e carinho por sua determinação e visão de mundo. A personagem erra e acerta e nos ensina que essa é a melhor maneira de aprendermos a viver — se isso for possível. Caso não seja, ela ao menos no ensina uma maneira de tentarmos levar a vida da melhor maneira que pudermos.

Apesar de ter sentido muito a presença de Vivi em Queria que você me visse, Jonah e seus conflitos são igualmente importantes na leitura. Emery Lord não apenas foi feliz na maneira como retratou as dificuldades do personagem e de sua família como também conseguiu construir muito bem a complicada relação desenvolvida entre ele e Vivi. O que adorei no romance é que ele passa a sensação de ser real, completamente composto por altos e baixos e tão arrebatador quanto as paixões nessa fase da vida costumam ser. E não apenas a relação entre os protagonistas tem suas complicações, mas também a de Jonah com a mãe e os irmãos. É nítida a mescla de expectativas e receios que permeia a família.

Em linhas gerais, Queria que você me visse me proporcionou uma leitura rápida e leve em sua maior parte, com momentos mais angustiantes e reflexivos em outros. O livro não perde suas características como YA e se propõe a discutir temáticas ligadas às doenças mentais e ao luto de forma sensível, o que torna a obra especial a seu modo.



Por Aione Simões

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