Até o século 20, os diagnósticos eram feitos na faca ou no tato
por Roniel Felipe e Mariana Teixeira Rodrigues
Antes de se descobrir a utilidade dos raios X, só havia dois jeitos de saber o que estava acontecendo dentro do corpo humano machucado ou doente.
A primeira alternativa era usar o tato. Ao apalpar as áreas nas quais os pacientes sentiam dores, os médicos tentavam diagnosticar o problema. “Identificava-se o câncer quando o médico tocava o paciente e percebia alguma anomalia. Do contrário, a pessoa morreria sem saber o motivo”, diz Luana Nascimento, doutoranda em Física Médica pela Universidade Umeå, na Suécia. A outra opção, muito usada em caso de fraturas e contusões, era o bisturi. Com o paciente aberto, muitas vezes sem anestesia, ficava fácil visualizar o estrago.
A situação só começou a mudar em novembro de 1895, quando o físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) encontrou um novo tipo de radiação ao perceber que os feixes de luz, resultados do choque entre elétrons desacelerados e matérias de grande número atômico, deixavam marcas em filmes fotográficos. “Outros cientistas da época, especialmente os que trabalhavam com tubos de raios catódicos, já haviam observado os efeitos dos raios X, mas sem perceber que aquele era um novo fenômeno”, afirma Luana.
Ao tirar uma chapa da mão esquerda de sua própria esposa, Anna Bertha, o doutor Röntgen deu o pontapé inicial para o nascimento da radiologia diagnóstica, já que os raios permitem ver tecidos e estruturas do organismo e ainda ajudam a detectar uma vasta gama de problemas ósseos e tumores.
Tamanho foi o sucesso da descoberta que o cientista recebeu o primeiro prêmio Nobel de Física da história, em 1901. Rapidamente, os bombardeios de radiação ionizante estavam sendo usados em shows públicos, que espantavam a platéia com a apresentação inédita de imagens de esqueletos humanos. Hoje, não há clínica ou laboratório que não use aparelhos de raios X e suas versões mais modernas, como os de tomografia computadorizada.
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