Mistérios desvendados
O trem da ciência já não parava em nenhuma estação. Depois de o médico austríaco Karl Landsteiner identificar, em 1901, os três primeiros tipos sanguíneos (A, B e O) e, um ano mais tarde, outros pesquisadores acrescentarem à lista o quarto (AB), as transfusões foram incorporadas de vez à prática médica. Seguiram-se a descoberta da composição do sangue e a identificação da medula óssea como o órgão responsável pela fabricação de elementos como hemácias e plaquetas.
O achado de uma substância anticoagulante (citrato de sódio), em 1914, passou a permitir o armazenamento de sangue por períodos mais longos. Não havia tempo a perder, e os ingleses rapidamente usaram seus estoques para tratar soldados na Primeira Guerra. Em 1926, a Cruz Vermelha britânica instituiu o primeiro serviço de transfusão do mundo.
O achado de uma substância anticoagulante (citrato de sódio), em 1914, passou a permitir o armazenamento de sangue por períodos mais longos. Não havia tempo a perder, e os ingleses rapidamente usaram seus estoques para tratar soldados na Primeira Guerra. Em 1926, a Cruz Vermelha britânica instituiu o primeiro serviço de transfusão do mundo.
Quando Landsteiner e Alexander Weiner identificaram o fator Rh, entre 1939 e 1940, praticamente tiveram fim as reações adversas registradas durante as transfusões. O sangue não era mais divino nem espiritual, mas simplesmente humano.
Transplantes
Na década de 1960, a identificação dos Antígenos Leucocitários Humanos, presentes nas células brancas do sangue (composto ainda de células vermelhas, plaquetas e plasma), desvendou o papel desempenhado por essas proteínas na compatibilidade entre doador e receptor nos transplantes de órgãos - o principal obstáculo para o sucesso das cirurgias é a resposta imune do receptor (a rejeição). "O desenvolvimento da imunogenética abriu caminho para os primeiros transplantes de rim, pulmão, pâncreas, coração e medula óssea nos anos seguintes", diz José Salvador Rodrigues de Oliveira, hematologista da Unifesp.
A distribuição dos hemoderivados favoreceu também a disseminação de enfermidades. Apenas nos anos 1970, ficou claro que o sangue poderia transmitir vírus e doenças como a hepatite. Na década seguinte, seriam identificados o HIV e a aids. "A propagação das doenças exigiu medidas disciplinadoras - entre elas, um maior controle dos doadores e da atuação dos bancos de sangue. Foram também implantados testes para a detecção de doenças transmissíveis", afirma Rodrigues.
Passaram-se cerca de 20 anos desde que geneticistas identificaram o papel das células-tronco na formação dos tecidos. "A descoberta de que, nos embriões, elas se transformam em tecidos orgânicos, como ossos, nervos, músculos e sangue, abriu infinitas possibilidades para sua utilização na recuperação de órgãos danificados por doenças e traumas", diz o hematologista. Como isso implica no sacrifício do embrião, há muita polêmica envolvendo cientistas, religiosos e especialistas em ética, o que tem retardado as pesquisas. No fim de julho, porém, pesquisadores da empresa Geron anunciaram que usariam células-tronco embrionárias para reconstruir as medulas de dez pacientes paraplégicos acidentados havia pouco tempo. O experimento teve o aval do governo americano. Segundo Rodrigues, o sucesso dos testes abrirá caminho para uma revolução na medicina.
Outras experiências tentam, por exemplo, extrair células-tronco do sangue menstrual. E já existe um mercado para armazenar o sangue do cordão umbilical de recém-nascidos (com empresas de plantão nas maternidades). Testes indicam que as células-tronco oriundas daí podem ser eficazes no tratamento de doenças como a leucemia.
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