Conheça a Trajetória do Sangue na História - PARTE VI



Veias abertas

 Sangria foi tratamento mais comum da medicina
 


 Há dúvidas se o que matou o rei LuísXV da França, em 1774, foi a varíola ou as duas sangrias a que era submetido por dia na tentativa de curar a doença. Surgida na Antiguidade, a sangria foi usada indiscriminadamente para tratar lesões e doenças até o século 19, tendo atingido seu auge na Idade Média e no Renascimento.

A técnica consistia em fazer incisões para drenar o sangue ou aplicar sanguessugas da espécie Hirudo medicinalis, que se alimentam dele. A saliva do verme contém substâncias de ação anticoagulante, vasodilatadora e anticicatrizante.
A recomendação era colocar até 50 sanguessugas no paciente. Como antes do século 19 não se tinha ideia clara dos efeitos da diminuição do volume sanguíneo, acidentes devido ao abuso da prática eram comuns. A sangria só começou a perder força quando o médico Pierre Charles Alexandre Louis introduziu a estatística na medicina. Em 1835, ele provou a ineficácia da técnica para tratar febres. Mas ela ainda é usada em certos casos. Sanguessugas ajudam no combate de problemas de insuficiência venosa, por exemplo.


Males do corpo e do espírito

 Crença de que doenças se instalavam na alma atrasou descobertas sobre o sangue

 
"Sangue quente", "sangue ruim", "sangue de barata", "dar o sangue"... Expressões compartilhadas por diversos idiomas remetem à associação do líquido às emoções e ao caráter. "No mundo antigo, não havia divisão entre matéria e espírito", diz o médico Dante Marcelo Gallian. As doenças vinham do plano astral, como castigo dos deuses por pecados, mau comportamento, desrespeito às leis da natureza ou como consequência de feitiçaria.

Por milênios acreditou-se que o sangue respondia pela manutenção não apenas do corpo mas também da alma, como "fluido da vida". No século 6 a.C., na Ásia Menor, o filósofo Alcméon de Cretone colocou os pilares da teoria de que a saúde seria o resultado do equilíbrio do homem com o Cosmo. Os adeptos da Teoria Humoral (com quatro humores análogos aos quatro elementos que formam o Universo) perderam força em meados do século 17, quando o corpo começou a ser identificado como um elemento material.

O filósofo, físico e matemático francês René Descartes foi um dos primeiros estudiosos a tratar desse tema.


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